Ação Antrópica na praia
de Jacumã – Muito lixo, muito descaso.
Ações antrópicas são as alterações realizadas
pelo homem no planeta Terra. Acontece sempre que utilizamos algo do meio
ambiente, o alteramos de alguma maneira. Hoje principalmente, a ação antrópica
em relação à natureza é bastante preocupante, pois por conta do aumento
populacional estas ações estão sendo realizadas com uma frequência muito maior,
e nem sempre de uma maneira responsável e sustentável.
Enquanto
banhista e assíduo frequentador da praia, analiso a questão da erosão costeira,
bem como evidencio o recuo da linha de costa de uma porção do litoral do
município do Conde/PB, na praia de Jacumã, também fiz várias pesquisas
bibliográficas para caracterizar a região e buscar respostas para minha
curiosidade. Passo a relatá-las.
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O
relevo da região está formado sobre um capeamento sedimentar, integrante da
Bacia Sedimentar Costeira Pernambuco-Paraíba com sua camada superficial
pertencendo ao Grupo da Formação Barreiras onde para o Oeste da região podemos
já encontrar rochas do embasamento
cristalino. Geomorfologicamente, essa região se encontra nos compartimentos dos
Baixos Planaltos Costeiros ou Tabuleiros, com uma superfície plana e as vezes,
ondulado com inclinação suave para litoral até encontrar-se com a Planície
Costeira, onde se localiza a praia de Jacumã.
Os
tabuleiros encontram-se bem desgastados, devido a vários processos erosivos que
ali ocorrem devido ao escoamento das águas superficiais, por causa da retirada
da vegetação pela ocupação urbana. Com isso a vegetação apresenta-se bastante
alterada, devido a vários processos de ocupação do solo pela especulação
imobiliária.
Observei
bem desde a praça de Jacumã, no Conde, até o maceió que se estende do Norte
para o Sul, onde foi nesse trecho que evidenciam, para mim, vestígios de
minerais pesados, como a biotita, que evidenciam a erosão costeira na área.
Nos
sedimentos costeiros encontrei vestígios de restos de origem antrópica,
mostrando o que viria a ser depósitos tecnogénicos. (São constituídos de camadas sedimentares
oriundas de processos de intervenção direta e indireta da sociedade. Além de
possuir camadas constituintes de profundidades diversificadas, o próprio
material componente de cada camada difere-se, conforme a atuação humana
presente. Assim, podem ser encontrados tanto depósitos com a presença de
artefatos manufaturados, quanto sedimentos oriundos de processos erosivos, onde
o fator humano encontra-se no agravamento do processo de erosão) Essa acumulação de sedimentos nesse ponto da praia passou a
sofrer influências das ações humanas, onde restos que evidenciam a sua ocupação
na costa, passou a fazer parte deste pacote sedimentar, caracterizando como
depósitos tecnogênicos.
Depósitos tecnogênicos são exemplos bem marcantes da interferência
humana nos processos naturais, e quando são identificados mostram o registro do
desenvolvimento humano no espaço geográfico, dependendo dos artefatos
encontrados nesses depósitos, principalmente os que evidenciam os estágios
desse desenvolvimento, que no caso dos depósitos tecnogênicos encontrados na
praia de Jacumã, evidenciam a ocupação humana com pequenos fragmentos de
artefatos de autoria do homem moderno, ou Homo Sapiens, mostrando sua
evolução na escala de tempo geológico. Estes depósitos tecnogênicos são
formados devido a presença de atividades humanas na área, principalmente na
forma de depósitos de lixo tanto nos compartimentos de relevo de pós-praia como
no estirâncio superior.
Investiguei,
conversando com moradores que a ocupação e uso do solo nesta área, ocorreu
inicialmente, ao longo do tempo, por intermédio de imobiliárias financiadas
pela prefeitura municipal do Conde, próximo a praia de Jacumã, por possuir uma
beleza paisagística exuberante e oferecer um potencial turístico pra região.
Com o tempo, a zona costeira dessa área, passou a ser completamente tomada por
imóveis, interferindo na dinâmica natural da praia ocasionando vários processos
erosivos. As praias são as que mais são atingidas pelos processos erosivos,
pois interfere no seu balanço sedimentar causando o avanço a linha de costa
sobre o continente. O balanço sedimentar é negativo para boa parte da região
Nordeste do Brasil, sendo este resultado da combinação de baixo relevo,
pequenas bacias de drenagem e clima semi-árido. O balanço negativo resulta em
erosão parcial ou completa da praia.
Com
o aumento do fluxo de banhistas, aumentou também, nos últimos anos, nessa área,
o fluxo de comerciantes que também vieram para suprir a demanda desses
visitantes, principalmente nos fins-de-semana. Logo, com esse crescente fluxo
de pessoas, notei que falta um certo planejamento geo-ambiental na área. As
pessoas que possuem estabelecimentos
comercias, não respeitam os limites da praia (pós-praia, estirâncio),
desrespeitando o meio ambiente e interferindo no sistema ambiental local
causando danos ao meio físico.
Notei
na área, grandes extensões com erosão acentuada e pequenos trechos com
deposição perto das construções pequenas, médias e grandes, construções essas
que não respeitam os limites do sistema praial, chegando muito próximo à face
de praia (estirâncio). A vegetação
de gramíneas e coqueiros são encontrados, também, na pós–praia, onde vegetações
com raízes expostas evidenciam a perda de sedimentos na praia.
Material
poluente como plástico e lixo orgânico perto de corpos d’água, como Maceió,
provavelmente trazidos por banhistas e pelas correntes de deriva litorânea de
outras áreas, são encontrados facilmente também na pós-praia. No estirâncio,
onde a erosão é mais acentuada, percebe-se que este possui uma largura de 3m e
inclinação de 5º a 9º, e na berma, observa-se remoção de areias com material
poluente e restos orgânicos.
Fácil
de identificar trechos na área, onde a interferência humana é bem
significativa, provocando sérios danos ao meio ambiente costeiro. Com isto, vi
que a urbanização desse trecho na praia de Jacumã, aconteceu e acontece sem
respeitar o sistema praial físico, onde as ocupações são construídas na pós-praia,
fazendo com que várias ocupações entre as demais ocupações comerciais,
provocassem danos ambientais.
Uma
porção do município do Conde/PB, na praia de Jacumã, mostra evidências como
vegetação com raízes expostas, coqueiros caídos e propriedades particulares
ameaçadas com risco de erosão.
Demarcando
as áreas de interferência entre as marés altas e baixas, nota-se que o uso e
ocupação desordenada neste espaço costeiro, como barracas, ruas e casas, são os
que mais vêm sendo afetados pela erosão costeira, porém, o respeito a ocupação
de uma área tão dinâmica como a linha de praia, ainda não é respeitada. Com
isso, esta área tem uma forte tendência à erosão, tanto pelo avanço da linha de
praia natural, como pela ocupação dessas áreas por obras realizadas pelo
próprio homem. Assim, concluí que esse ambiente praial possui características
erosivas, já que 42% do litoral paraibano experimentam recuo da linha de costa,
característica principal de praia em processo erosivo.