Programa A Voz Ecologia Ativa

Programa A Voz Ecologia Ativa
Ouça na 87,9 Jacumã FM

segunda-feira, 27 de julho de 2015

AÇÃO ANTRÓPICA EM JACUMÃ

Ação Antrópica na praia de Jacumã – Muito lixo, muito descaso.

Ações antrópicas são as alterações realizadas pelo homem no planeta Terra. Acontece sempre que utilizamos algo do meio ambiente, o alteramos de alguma maneira. Hoje principalmente, a ação antrópica em relação à natureza é bastante preocupante, pois por conta do aumento populacional estas ações estão sendo realizadas com uma frequência muito maior, e nem sempre de uma maneira responsável e sustentável.


Enquanto banhista e assíduo frequentador da praia, analiso a questão da erosão costeira, bem como evidencio o recuo da linha de costa de uma porção do litoral do município do Conde/PB, na praia de Jacumã, também fiz várias pesquisas bibliográficas para caracterizar a região e buscar respostas para minha curiosidade. Passo a relatá-las.
.



O relevo da região está formado sobre um capeamento sedimentar, integrante da Bacia Sedimentar Costeira Pernambuco-Paraíba com sua camada superficial pertencendo ao Grupo da Formação Barreiras onde para o Oeste da região podemos já encontrar rochas do embasamento cristalino. Geomorfologicamente, essa região se encontra nos compartimentos dos Baixos Planaltos Costeiros ou Tabuleiros, com uma superfície plana e as vezes, ondulado com inclinação suave para litoral até encontrar-se com a Planície Costeira, onde se localiza a praia de Jacumã.
Os tabuleiros encontram-se bem desgastados, devido a vários processos erosivos que ali ocorrem devido ao escoamento das águas superficiais, por causa da retirada da vegetação pela ocupação urbana. Com isso a vegetação apresenta-se bastante alterada, devido a vários processos de ocupação do solo pela especulação imobiliária.


Observei bem desde a praça de Jacumã, no Conde, até o maceió que se estende do Norte para o Sul, onde foi nesse trecho que evidenciam, para mim, vestígios de minerais pesados, como a biotita, que evidenciam a erosão costeira na área.
Nos sedimentos costeiros encontrei vestígios de restos de origem antrópica, mostrando o que viria a ser depósitos tecnogénicos. (São constituídos de camadas sedimentares oriundas de processos de intervenção direta e indireta da sociedade. Além de possuir camadas constituintes de profundidades diversificadas, o próprio material componente de cada camada difere-se, conforme a atuação humana presente. Assim, podem ser encontrados tanto depósitos com a presença de artefatos manufaturados, quanto sedimentos oriundos de processos erosivos, onde o fator humano encontra-se no agravamento do processo de erosão) Essa acumulação de sedimentos nesse ponto da praia passou a sofrer influências das ações humanas, onde restos que evidenciam a sua ocupação na costa, passou a fazer parte deste pacote sedimentar, caracterizando como depósitos tecnogênicos. 
Depósitos tecnogênicos são exemplos bem marcantes da interferência humana nos processos naturais, e quando são identificados mostram o registro do desenvolvimento humano no espaço geográfico, dependendo dos artefatos encontrados nesses depósitos, principalmente os que evidenciam os estágios desse desenvolvimento, que no caso dos depósitos tecnogênicos encontrados na praia de Jacumã, evidenciam a ocupação humana com pequenos fragmentos de artefatos de autoria do homem moderno, ou Homo Sapiens, mostrando sua evolução na escala de tempo geológico. Estes depósitos tecnogênicos são formados devido a presença de atividades humanas na área, principalmente na forma de depósitos de lixo tanto nos compartimentos de relevo de pós-praia como no estirâncio superior.



Investiguei, conversando com moradores que a ocupação e uso do solo nesta área, ocorreu inicialmente, ao longo do tempo, por intermédio de imobiliárias financiadas pela prefeitura municipal do Conde, próximo a praia de Jacumã, por possuir uma beleza paisagística exuberante e oferecer um potencial turístico pra região. Com o tempo, a zona costeira dessa área, passou a ser completamente tomada por imóveis, interferindo na dinâmica natural da praia ocasionando vários processos erosivos. As praias são as que mais são atingidas pelos processos erosivos, pois interfere no seu balanço sedimentar causando o avanço a linha de costa sobre o continente. O balanço sedimentar é negativo para boa parte da região Nordeste do Brasil, sendo este resultado da combinação de baixo relevo, pequenas bacias de drenagem e clima semi-árido. O balanço negativo resulta em erosão parcial ou completa da praia.


Com o aumento do fluxo de banhistas, aumentou também, nos últimos anos, nessa área, o fluxo de comerciantes que também vieram para suprir a demanda desses visitantes, principalmente nos fins-de-semana. Logo, com esse crescente fluxo de pessoas, notei que falta um certo planejamento geo-ambiental na área. As pessoas que possuem estabelecimentos comercias, não respeitam os limites da praia (pós-praia, estirâncio), desrespeitando o meio ambiente e interferindo no sistema ambiental local causando danos ao meio físico.

Notei na área, grandes extensões com erosão acentuada e pequenos trechos com deposição perto das construções pequenas, médias e grandes, construções essas que não respeitam os limites do sistema praial, chegando muito próximo à face de praia (estirâncio). A vegetação de gramíneas e coqueiros são encontrados, também, na pós–praia, onde vegetações com raízes expostas evidenciam a perda de sedimentos na praia.
Material poluente como plástico e lixo orgânico perto de corpos d’água, como Maceió, provavelmente trazidos por banhistas e pelas correntes de deriva litorânea de outras áreas, são encontrados facilmente também na pós-praia. No estirâncio, onde a erosão é mais acentuada, percebe-se que este possui uma largura de 3m e inclinação de 5º a 9º, e na berma, observa-se remoção de areias com material poluente e restos orgânicos.



Fácil de identificar trechos na área, onde a interferência humana é bem significativa, provocando sérios danos ao meio ambiente costeiro. Com isto, vi que a urbanização desse trecho na praia de Jacumã, aconteceu e acontece sem respeitar o sistema praial físico, onde as ocupações são construídas na pós-praia, fazendo com que várias ocupações entre as demais ocupações comerciais, provocassem danos ambientais.

Uma porção do município do Conde/PB, na praia de Jacumã, mostra evidências como vegetação com raízes expostas, coqueiros caídos e propriedades particulares ameaçadas com risco de erosão.

Demarcando as áreas de interferência entre as marés altas e baixas, nota-se que o uso e ocupação desordenada neste espaço costeiro, como barracas, ruas e casas, são os que mais vêm sendo afetados pela erosão costeira, porém, o respeito a ocupação de uma área tão dinâmica como a linha de praia, ainda não é respeitada. Com isso, esta área tem uma forte tendência à erosão, tanto pelo avanço da linha de praia natural, como pela ocupação dessas áreas por obras realizadas pelo próprio homem. Assim, concluí que esse ambiente praial possui características erosivas, já que 42% do litoral paraibano experimentam recuo da linha de costa, característica principal de praia em processo erosivo. 

4 comentários:

  1. Muito lixo...total descaso com meio ambiente por parte do poder municipal. Que pena!

    ResponderExcluir
  2. Fizemos uma pesquisa científica. Também lamentamos o descaso.

    ResponderExcluir
  3. Alguém já disse antes que " Nós estamos nos afogando com a própria merda". Não é nada romântico, eu sei...mas, é extremamente realística e profunda a reflexão. O pinico na postagem nos revela essa verdade...essa dura realidade.

    ResponderExcluir
  4. Realidade dura...realidade pura! O poder público local é uma lástima. Não há qualquer planejamento ambiental; nem um centavo de investimento em Turismo nem em Meio Ambiente. Descaso total.

    ResponderExcluir