Programa A Voz Ecologia Ativa

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sábado, 8 de agosto de 2015

AGRICULTURA FAMILIAR - PRODUTOS ORGÂNICOS COM CERTIFICAÇÃO

 Daniel Lopes Rodrigues pequeno produtor rural do Assentamento Dona Antonia - Conde - Pb
 A família do camponês é descrita pelo mesmo da seguinte forma: pela figura do pai, que é o próprio e tem 44 anos; da esposa, chamada Cristina que tem 36 anos; da filha que tem 20 anos e de um filho do primeiro casamento de 25 anos, mas que não mora com ele.




Essa família teve acesso à terra por meio da organização dos camponeses sem terras da região, apoiada CPT – Comissão Pastoral da Terra, em prol da luta pela terra. As pessoas envolvidas na luta pela terra ou residiam na zona rural de municípios próximos (Caaporã, Alhandra, Jacumã - PB) ou eram moradores da própria fazenda Baraúna, sendo este o território em disputa. Em 1995, a fazenda Baraúna pertencente à Lundgren Pastoril Agrícola S/A, de propriedade do Sr. Almir Machado Corrêa de Oliveira, foi ocupada por 250 famílias sem terras, e após meses de conflitos, incluindo despejos e prisões a fazenda foi desapropriada assentando 110 famílias camponesas.


A parcela de Daniel, assim como as demais do assentamento Dona Antônia, possui 5 hectares. Toda a área produtiva possui estrutura de irrigação, melhoria realizada com recurso próprio. Sua área produtiva é separada da casa onde mora com a família, por causa da estrutura do assentamento, que é em forma de agrovila. Próximo a casa a família cria galinhas e possui uma área destinada ao gado, que recentemente foi vendido (13 cabeças) para viabilizar a irrigação da área produtiva.
A família cultiva macaxeira, inhame, jerimum, feijão, milho e uma grande diversidade de frutas (banana, mamão, acerola, mangaba, araçá, saputi, abacate, manga, maracujá, coco, etc), sendo toda a produção utilizada para consumo e comercialização. Quase toda a área da parcela do camponês está produtiva, e é consorciada com duas ou mais culturas por terreno. As hortaliças consumidas pela família são provenientes da Feira da UFPB, onde o camponês troca itens da sua produção com aqueles que produzem hortaliças.


Praticamente todo o consumo alimentar da família é retirado da produção ou adquiridos na Feira da UFPB.
A divisão do trabalho na família desse camponês dá-se através de uma divisão do trabalho a partir do gênero e da idade. Daniel é responsável pelo plantio e colheita de culturas curtas e longas, e pelo cuidado (alimentação, vacinação, corte) dos animais de grande porte, e também das galinhas. A Cristina é responsável por todo o serviço doméstico, por cuidar da filha, ajuda na coleta de acerolas, na colheita de outras culturas e apenas no período das férias acompanha o marido à feira, pois Cristina dá aula às crianças da sua comunidade. 
Daniel afirma que a tranqüilidade de deixar a esposa cuidando da casa é essencial para que ele vá trabalhar, e reconhece o valor do trabalho dela como professora, mas admite que sua contribuição no roçado faz falta: “eu preferia que ela tivesse comigo, que era mais um braço ajudando, principalmente na época de catar acerola, mas nas férias ela vem pra cá, tá sempre ajudando...”. A filha tem 20 anos estuda, e ajuda a mãe nos serviços domésticos.



A jornada de trabalho de Daniel é de segunda a sábado no roçado e todos os dias da semana nos cuidados básicos com os animais. Dentre esses dias, a sexta feira é prioritariamente destinada à comercialização na feira, apenas ocasionalmente vai ao roçado à tarde. De acordo com Daniel a jornada de trabalho começa ao nascer do sol (um pouco antes das 5:00) e termina perto das 16 horas, com pausa para o almoço e um pequeno descanso. Até o meio dia Daniel está no roçado (plantando, limpando, adubando ou colhendo), depois do almoço ele cuida dos bichos e planeja o trabalho a ser feito no dia seguinte. À noite geralmente Daniel ainda volta pra área de produção

para cuidar da irrigação.



O camponês ao ser indagado sobre o grau de satisfação com a sua rotina do trabalho responde que, “eu trabalho o suficiente para minha sobrevivência, tenho liberdade de fazer o que quero na hora que quero, sem ter o rabo preso com ninguém”, informação que nos faz relacionar a sua carga de trabalho à Teoria da Economia Camponesa de Chayanov que defende que no universo camponês, o trabalho só se justifica até que seja atingido o que a família estabelece como necessidade, havendo um equilíbrio entre trabalho e consumo, chamado de equilíbrio interno.



Daniel conta com a ajuda de dois trabalhadores, de forma quase contínua, que recebem o pagamento através de diárias. O camponês diz que planta muita coisa e não consegue cuidar de tudo sozinho. Apesar de num modo geral o trabalho do camponês estar representado pela família, não é excluída a possibilidade de terceiros no complemento da força de trabalho, principalmente se forem em períodos específicos como a colheita e realizado juntamente com o camponês. Reportamo-nos à Shanin quando o autor trata da heterogeneidade das formas de reprodução camponesa dentro do capitalismo, e defende a não homogeneidade das características do campesinato.



Daniel é vinculado a duas entidades que representam seus interesses, que são, a Cooperativa da Agricultura e Serviços Técnicos do Litoral Sul - Coasp e a Associação de Agricultores (as) Agroecológicos da Várzea paraibana – Ecovárzea, e afirma que, toda a comercialização da sua produção acontece devido à articulação dessas duas entidades. Além da Feira Agroecológica da UFPB, Daniel comercializa através do
Programa de Aquisição de Alimentos – PAA. A quantidade de produtos
comercializados por Daniel é a mais representativa dentro da realidade da Ecovárzea. A Agente Pastoral Tânia nos diz que: “Sabe por que Daniel tem a produção que tem ? É porque ele tem ousadia, ele está com a área toda irrigada e ele é assentado como os outros... ele é dinâmico e ousado”. A renda de Daniel está entre R$2.000,00 e R$ 3.000,0070 mensal.



Quando indagado acerca do que seria o desenvolvimento para a sua realidade Daniel respondeu: “seria o desenvolvimento da minha família, por exemplo. Se a feira tá se desenvolvendo com certeza minha família também, porque tudo que faço é em torno da minha família, eu meço pela família, hoje por exemplo, eu tenho uma vida muito melhor do que eu tinha antigamente...”.


Aproveitei uma laranja lima produzida na parcela de Daniel...100% orgânica.
Além de mais saudáveis, porque são livres de agrotóxicos e de aditivos, os alimentos orgânicos também garantem a conservação do meio ambiente e preservam a saúde do agricultor (que não manipulam produtos químicos). A atividade também pode ser bastante lucrativa. Daniel vende tudo o que produz, pois tem certificação orgânica...pois, passou pelo processo de CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS ORGÂNICOS.

5 comentários:

  1. Comida sem agrotóxico. Mais saúde na nossa mesa. Parabéns!

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  2. Com certificação...isso é o diferencial.

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  3. O Daniel vende toda sua produção. O que sobra, ele troca por hortaliças, pois ele não as produz.

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  4. Esse pequeno produtor gera renda para 4 outros que o auxiliam e ainda tem uma renda de R$ 5 mil reais mensais. É um exemplo a ser seguido pelos assentados da região.

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  5. Tem feira de orgânicos em Jacumã? Agora que aderi ao vegetarianismo...

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